Enquanto tantos preparam ceias e celebrações, nossas equipes do Instituto Humanitas360 e do negócio social Tereza estão no interior de São Paulo, neste 23 de dezembro, construindo algo mais profundo que a solidariedade: o reconhecimento da humanidade compartilhada. Estamos acolhendo pessoas em regime semiaberto durante a saída temporária de fim de ano, a “saidinha de Natal” que o populismo penal insiste em vilipendiar, esvaziando propositalmente seu significado jurídico e humano.
O projeto Portas Verdes: Saidinha não é caridade. É a defesa intransigente de um direito previsto na Lei de Execução Penal, essencial para a reinserção social, mas que hoje agoniza sob ataques de uma retórica punitivista que ignora evidências e alimenta-se do medo. Desde o final de 2023, estivemos presentes em cada saída temporária, oferecendo alimentos, roupas, orientação jurídica e, sobretudo, lembrando que direitos não são favores – são conquistas civilizatórias que não podemos permitir que retrocedam.
Este ano, marcado pela realização da COP30 na Amazônia, nosso ecossistema demonstrou que justiça ambiental e justiça social são indissociáveis. Da Bienal de Arquitetura de Veneza à Coalizão Água Potável para os Povos Indígenas, levantamos a bandeira do clima associada à responsabilidade social. Tereza lançou sua Coleção Cânhamo, provando que transformações estruturais começam também nas escolhas sustentáveis do cotidiano, até mesmo em nosso guarda-roupa.
Há uma linha que une quem luta por água limpa aos povos originários, quem proclama um agricultura regenerativa dos solos e quem defende a dignidade de pessoas privadas de liberdade: a compreensão de que nenhuma crise – seja ela climática, social ou de segurança pública – será resolvida sem enfrentar as estruturas de exclusão que as produzem.
Que 2025 seja o ano em que recusamos a falsa escolha entre justiça e segurança, entre meio ambiente e desenvolvimento, entre punição e reinserção.
Com o mais profundo amor ágape,
Patrícia R. L. Villela Marino
