Evento no CIVI-CO debateu “década dos evangélicos” com Juliano Spyer e Pedro Doria
No dia 14 de maio, a presidente do Instituto Humanitas360 e cofundadora do CIVI-CO, Patrícia Villela Marino, foi anfitriã de um encontro realizado para discutir o crescimento da população evangélica e seu impacto na sociedade brasileira. Convidado a compartilhar seus estudos, o historiador e antropólogo Juliano Spyer apresentou a palestra “2020: A Década dos Evangélicos”, em seguida debatida com o jornalista Pedro Doria, do Canal Meio, e o público convidado.
Spyer apresentou no auditório do CIVI-CO um verdadeiro raio-x do segmento evangélico, enfatizando como o grupo é mais diverso e complexo do que se imagina. Além disso, expôs as funções sociais desempenhadas pela igreja, que em diversos bairros periféricos faz as vezes de um “Estado de bem-estar social informal”, oferecendo redes de apoio e atendendo a necessidades de pessoas nem sempre alcançadas pelo Estado ou o mercado.
Já no título, a apresentação registra o crescimento exponencial e contínuo dos chamados “crentes” no Brasil: enquanto a Mar Asset Management projeta que a população evangélica deve chegar a 35,8% da população (entre 60 e 80 milhões de pessoas) em 2026, estudo anterior do demógrafo José Eustáquio Diniz Alves estima que em 2032 o bloco das denominações protestantes terá superado o catolicismo na fé dos brasileiros. “Se a projeção estiver correta, nós estamos a menos de 10 anos de ter um movimento sem precedentes na história moderna, que é um país mudar de religião sem guerra”, disse o historiador.
O evento também contou com sessão de autógrafos de “Crentes: Pequeno Manual sobre um Grande Fenômeno” (Editora Record), escrito por Juliano Spyer com o pastor e teólogo Guilherme Damasceno e o antropólogo Raphael Khalil. O livro torna acessível um conjunto variado de informações sobre o universo evangélico, de noções básicas e vocabulário às diferenças entre denominações, além de tocar em temas delicados, como a influência da religião na política e o lugar da participação cidadã nas igrejas.
A respeito do último tema, que está no centro das preocupações do ecossistema formado pelo H360 e o CIVI-CO, os autores escrevem: “Quem participa mais dentro do espaço religioso tem mais prestígio nas redes de ajuda mútua de sua comunidade. A maioria dos evangélicos brasileiros é composta por pessoas de baixa renda e subalternas; nos locais de trabalho, geralmente os trabalhadores se veem em uma realidade na qual é preciso usar uniformes, seus nomes são desconhecidos e precisam obedecer às regras. A igreja subverte essa realidade. Nela o fiel tem um nome, veste suas melhores roupas e, ao participar, é reconhecido.”
Confira, no vídeo abaixo, como foi o evento: