Presidente do H360 defende transparência e respeito à democracia em processo eleitoral na Venezuela; leia
Democracia e transparência
Não é possível, como cidadã e como presidente de uma organização com profundos vínculos com a Venezuela, como é o caso do Instituto Humanitas360, ficar calada diante do quadro de deterioração da democracia em curso neste país. Do ponto de vista pessoal, é uma situação dolorosa, na qual me compadeço com os diversos amigos e amigas que fiz ali. Mas, sobretudo, é ofensivo pelo prisma ético e político: com a hipótese cada vez mais concreta de que houve fraude eleitoral, o episódio aponta para o aviltamento da vontade popular manifestada nas urnas, sem mencionar a contínua perseguição e constrangimento às forças de oposição ao regime de Nicolás Maduro.
O comunicado do Carter Center, observador internacional presente no território, é claro ao constatar que “o processo eleitoral da Venezuela não atendeu aos padrões internacionais de integridade eleitoral em nenhuma de suas etapas e violou inúmeras disposições de suas próprias leis nacionais”, além de registrar “um ambiente de liberdades restritas para atores políticos, organizações da sociedade civil e a mídia”.
Quando criei o Instituto Humanitas360 em 2015, tornei institucional o meu compromisso pela redução da violência na América Latina e pela transparência das instituições da região. Nesse sentido, o H360 já organizou e apoiou diversas iniciativas que lançaram luz sobre a situação na Venezuela, incluindo produções audiovisuais e debates, tanto em espaços de poder, como assembleias legislativas, e instituições como a Fundação FHC. Também contamos, ao longo dos anos, com a interlocução de conselheiros e parceiros no país, entre os quais cito Yon Goicoechea e David Smolansky, jovens vozes pela democracia venezuelana. A todas e todos estes amigos, o meu abraço e a minha solidariedade.
Nesse momento, gostaria de juntar-me às vozes da comunidade internacional que clamam pela publicação de todas as atas eleitorais, pelo respeito às diferenças políticas e aos ditames da vida democrática, onde aventuras autoritárias não podem nunca ter lugar.
Patrícia Villela Marino
Presidente do Instituto Humanitas360