Mensagem de Natal do Instituto Humanitas360
Queridas amigas e amigos,
Nesta véspera de Natal, convido cada um de vocês para uma reflexão sobre amor cristão, cidadania e Justiça. O nascimento de Cristo nos lembra de Sua mensagem mais sublime: o amor incondicional, o perdão e a crença inabalável de que todos merecem uma segunda chance.
Hoje, as equipes do Instituto Humanitas360 e do negócio social Tereza estão diante dos portões da Penitenciária Feminina II de Tremembé, acolhendo mulheres em regime semiaberto que, neste final de ano, gozarão de uma breve saída temporária para se reunir com suas famílias. Para elas, este momento representa mais do que uma oportunidade de abraçar os seus; é um passo essencial na reconstrução de suas vidas, na reconexão com laços rompidos e na redescoberta do significado de pertencimento.
As chamadas “saidinhas” têm sido alvo de incompreensões e distorções. Contudo, é importante lembrar: apenas pessoas que já estão em regime semiaberto, saindo diariamente da prisão para trabalhar ou estudar, e voltando à unidade prisional para dormir, têm direito a este benefício. Longe de ser um privilégio imerecido, estas saídas são ferramentas cruciais para a reinserção social de pessoas que em breve estarão novamente livres, oferecendo um teste de adaptação, uma chance de recomeçar.
Infelizmente, as “saidinhas” em feriados como o do Natal são um dos alvos preferidos do populismo penal, através do qual políticos inescrupulosos atraem votos aterrorizando a população e vendendo soluções fáceis e ilusórias contra a violência que nos ameaça a todos. O encarceramento em massa que defendem, entretanto, apenas alimenta as facções criminosas nascidas dentro das prisões com mais mão de obra.
Por tudo isso, ao longo do ano que em breve se inicia, o Instituto Humanitas360 inicia um esforço sistemático de ampliar o trabalho que estamos fazendo hoje, acolhendo em todas as “saidinhas” mulheres de várias unidades prisionais de São Paulo. Enquanto o Estado simplesmente joga essas pessoas nas ruas, e as facções criminosas vão às portas das penitenciárias na tentativa de aliciar essas mulheres em troca de transporte e outros favores, nossa organização estará ali para amparar, apoiar e oferecer um caminho longe do crime, baseado no empreendedorismo, na empatia e nos valores cristãos.
Vivemos tempos desafiadores no Brasil. Recentemente, descobrimos a trama terrorista assassina de mais uma tentativa de ruptura democrática. Enquanto alguns poucos poderosos clamam por anistia para seus atos contra a vontade popular, o mesmo discurso populista e punitivista continua a ecoar, negando às pessoas que cometeram crimes comuns o direito à reabilitação.
O verdadeiro espírito de Natal nos convida a questionar essas contradições. O Cristo, cujo nascimento celebramos, nos ensinou a valorizar o amor ágape — o amor que tudo suporta, que tudo perdoa, que acredita no potencial de transformação de cada ser humano.
Ao olharmos para estas mulheres, muitas vezes esquecidas e marcadas pelo estigma do cárcere, encontramos a essência do que significa ser cristão: acreditar que cada vida importa, que cada pessoa merece compaixão e que a Justiça só é completa quando é temperada pelo amor.
Neste Natal, minha mensagem é um convite: unamo-nos em compaixão e solidariedade. Que possamos, juntas e juntos, construir uma sociedade mais justa, onde o perdão não seja um privilégio, mas um direito humano universal.
Que este seja um Natal de reflexão, acolhimento e esperança.
Com carinho e votos de um Natal abençoado,
Patrícia Villela Marino
Presidente do Instituto Humanitas360