Cooperativas de detentos inovam no combate à violência na América Latina

Cooperativas de detentos inovam no combate à violência na América Latina

Em diferentes pontos da América Latina, cooperativas de detentos começam a surgir como uma das mais promissoras inovações para combater a crescente violência nas ruas do continente. Sua proposta é usar o empreendedorismo como um antídoto para a influência das facções criminosas sobre quem sai da prisão. Levantamento do Instituto Humanitas360 conduzido pela pesquisadora argentina Sylvia Gaylord revela que, até junho de 2018, cinco cooperativas já operavam em seis países, Brasil, Porto Rico, Argentina, Uruguai e Chile. E mais duas novas co-ops estão sendo criadas no Brasil e na Costa Rica.

Encontrar emprego depois de sair da prisão é praticamente impossível. As empresas resistem em contratar ex-presidiários. Em até 70% dos casos, eles acabam retornando ao crime como mais fácil alternativa de subsistência. Cooperativas criadas no cárcere, que continuam apoiando seus membros mesmo quando eles passam para o regime semi-aberto ou aberto, podem quebrar esse ciclo. A primeira co-op criada no Brasil já recebeu 209 detentas em três anos, e nenhuma delas retornou à prisão.

As atividades produtivas desenvolvidas nos projetos já iniciados incluem desde bordado, costura e crochê para a produção de artigos de artesanato, até o cultivo de alimentos, plantas e marcenaria. No Brasil, os dois projetos em andamento contam com o apoio do H360: a cooperativa de arte feminina COOSTAFE, na Penitenciária Feminina de Ananindeua, em Belém do Pará, e a cooperativa de artesanato de detentas da Penitenciária Feminina 2 de Tremembé, no interior paulista.

A próxima iniciativa do instituto será voltada para população masculina da Penitenciária Masculina 2 de Tremembé, ampliando a horta do presídio, que hoje já alimenta seus próprios detentos, de maneira que ela forneça vegetais e hortaliças para os 11 presídios da região, possui mais de cinco mil metros quadrados) para cultivar alimentos orgânicos para a produção de conservados.

O mapa cima identifica as cooperativas de detentos em vários países das Américas.