Da penitenciária para a Pinacoteca: representando companheiras, ex-detenta faz bordados em instalação de Ernesto Neto
Uma das integrantes da cooperativa criada pelo Instituto Humanitas360 na Penitenciária Feminina II de Tremembé teve participação na retrospectiva de Ernesto Neto em cartaz na Pinacoteca de São Paulo. Geane Marinho, 36, que agora está em liberdade, fez bordados na única instalação do artista carioca concebida exclusivamente para “Sopro”, nome da mostra que reúne mais de 60 trabalhos criados por ele nas últimas décadas.
Intitulada “Cura Bra Cura Té”, a nova instalação é inspirada no grupo indígena Huni Kuin, do Acre. A partir de um elemento central, que simboliza uma árvore, Geane bordou três faixas com as seguintes frases:
“Amada mãe africana, gratidão, sua sabedoria está em nós;
Amada mãe índia, gratidão, sua sabedoria está em nós;
Prezado pai Europa, vamos ouvir nossas mães.”
Sob essas faixas, almofadas perfumadas sobre um tapete azul convidam à introspecção e à meditação. “Esse trabalho é de cura”, declarou o artista em coletiva à imprensa. Um dos mais renomados artistas brasileiros, Ernesto Neto já teve trabalhos exibidos na Bienal de Veneza, na Tate Gallery de Londres, no Centre Georges Pompidou de Paris, no Museu Reina Sofía, de Madrid, e no MoMa, em Nova York.
“Ernesto Neto: Sopro” fica aberta até o dia 15 de julho. A exposição pode ser visitada de quarta à segunda, das 10h às 17h30 – com permanência até as 18h. A Pinacoteca fica na Praça da Luz 2, em São Paulo.