Software de visualização de dados mostra detalhes da rede de corrupção revelada pela Operação Lava Jato em diversos países do mundo
- Luís Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil, condenado em segunda instância a 12 anos e um mês de prisão.
- Jorge Glas, vice-presidente do Equador: condenado a seis anos de prisão.
- Ollanta Humala, ex-presidente do Peru: condenado a um ano e seis meses de prisão.
- Alejandro Toledo, ex-presidente do Peru: foragido após pedido de prisão.
- Maurício Funes, ex-presidente de El Salvador: condenado por enriquecimento ilícito e foragido na Nicarágua.
- Ricardo Martinelli, ex-presidente do Panamá: preso e aguardando extradição nos EUA.
Todos esses políticos estão conectados na rede de corrupção revelada pela “Operação Lava Jato” da Polícia Federal brasileira, que comprovou o pagamento de bilhões de dólares em propinas, configurando assim o maior escândalo de corrupção da história. Uma rede que vai muito além desses “peixes grandes”, envolvendo centenas de políticos e empresários em distintos países. Agora, essas conexões podem ser exploradas em detalhes, graças à ferramenta de visualização de dados desenvolvida pela Fundação Vortex da Colômbia em parceria com o Instituto Humanitas360, organização baseada nos EUA com atuação em vários países da América Latina.
Um banco de dados foi alimentado com todos os depoimentos prestados à Justiça brasileira nos processos relacionados com a “Lava Jato”. Graças a protocolos especializados e ao software de visualização de dados desenvolvido pela Vortex, é possível navegar por uma representação tridimensional da rede criminal, isolando as conexões entre determinados políticos ou empresas, ou visualizando apenas os fluxos de dinheiro e tráfico de influência entre eles.
O trabalho revela detalhes de uma complexa estrutura criminal que vincula mais de 906 agentes, que estabeleceram mais de 2693 interações documentadas em distintos países do continente. Cada interação foi analisada para identificar e visualizar os recursos transacionados, e assim compreender melhor as distintas formas de operação criminal dentro da rede.
Os resultados estão reunidos em uma plataforma digital que combina a base de dados e a ferramenta de visualização de dados, que podem ser acessadas online. Agora, a Vortex e o Humanitas360 estão fechando parcerias com empresas de comunicação e procuradores públicos em vários países latino-americanos, para que eles tenham acesso exclusivo ao sistema, como instrumento para novas investigações jornalísticas e judiciais.
Autoridades brasileiras estimam que o esquema de corrupção política e lavagem de dinheiro revelado pela “Operação Lava Jato” tenha movimentado pelo menos R$ 30 bilhões (cerca de US$ 9,5 bilhões). Seu impacto fora do Brasil começou quando dirigentes de empresas brasileiras como a construtora Odebrecht, a petrolífera estatal Petrobras e a petroquímica Braskem admitiram, em acordo de leniência ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ), pagamento de propinas de mais de um bilhão de dólares em diversos países. Paralelamente, graças a acordos de delação premiada com a Justiça no Brasil, políticos e empresarios relataram crimes de corrupção em diversos países na Europa, África e das Américas. Todos esses dados formam a base reunida no projeto desenvolvido pela Fundação Vortex com apoio do Instituto Humanitas360.