Instituto Igarapé visita cooperativa implantada pelo H360 para estudo sobre trabalho no cárcere
Pesquisadores do Instituto Igarapé visitaram em maio a cooperativa implantada pelo Humanitas360 na Penitenciária Feminina II de Tremembé, como parte de um estudo sobre oportunidades de trabalho no sistema prisional, com foco na população feminina. O objetivo do estudo é identificar ações e projetos em funcionamento para “expandir o acesso das mulheres à capacitação profissional, trabalho e renda”, explica a assessora de Comunicação e Pesquisa do Igarapé, Dandara Tinoco. O modelo de Empreendedorismo Atrás e Além das Grades, desenvolvido pelo H360, tem como pilares a capacitação dos detentos para gestão do próprio negócio e manutenção dos cooperados na organização, mesmo depois de deixarem o cárcere.
O aumento no número de mulheres presas nos últimos anos – 656% de alta entre 2000 a 2016, contra 293% na população prisional masculina – expõe a necessidade de se olhar com atenção para o encarceramento feminino. “Ir à cooperativa da Penitenciária Feminina II de Tremembé foi muito importante para conhecermos melhor a dinâmica do projeto e as mulheres participantes”, afirma Dandara antes de completar: “Ante a um cenário de escassez na oferta de trabalho para presas e egressas, pensar em alternativas como a cooperação e o empreendedorismo é crucial. São modelos que, além de expandir, diversificam o trabalho a que essas mulheres têm acesso.” Atualmente, apenas 8,7% das mulheres privadas de liberdade tem algum trabalho remunerado.
As oportunidades de trabalho para detentos e ex-detentos vêm sendo estudadas pelo Igarapé há mais de um ano, quando a partir de conversas com os setores público e privado, e sociedade civil, a organização criou material de apoio para o desenvolvimento de políticas públicas no Estado do Rio de Janeiro, onde está sediado. “Este ano, estamos dando continuidade a essa abordagem, com alguns novos focos. Um deles é a questão das mulheres presas e egressas. Nosso objetivo é entender como as especificidades do encarceramento feminino estão ligadas à questão do trabalho formal e autônomo”, conta Dandara. No último 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o Igarapé lançou um infográfico de sua pesquisa “Depois da Prisão: Caminhos Possíveis para Mulheres”, feita a partir dos dados de estudos publicados pelo Sistema Integrado de Informação Penitenciária (Infopen), do Ministério da Justiça; pela Fundação Santa Cabrini; pela Defensoria Pública e pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.