H360 discute racismo, polarização política e empatia na reunião anual de conselheiros

H360 discute racismo, polarização política e empatia na reunião anual de conselheiros

O Instituto Humanitas360 realizou em outubro o seu encontro anual com conselheiros do board dos Estados Unidos e do Brasil, com participações de speakers como o escritor e egresso do sistema prisional americano Shaka Senghor, María Eugenia Vidal, política argentina e ex-governadora da província de Buenos Aires e Bertice Berry, socióloga e conferencista. A reunião contou ainda com o apoio dos conselheiros Enrique Acevedo, jornalista e correspondente do consagrado programa “60 Minutes 60 in 6”; Brian Winter, editor-chefe do “Americas Quarterly”; Alan Fleischmann, CEO da Laurel Strategies e William Heuseler, chefe de produtos e soluções para clientes do Itaú Private Bank.

Planejado inicialmente para acontecer presencialmente nos Estados Unidos, o encontro, por conta da pandemia, foi realizado via Zoom – o que permitiu uma interlocução entre diversos países. Conselheiros e amigos do Humanitas360 da Europa, América Latina e América do Norte estavam presentes na reunião, além do chairman do board Fernando Henrique Cardoso, de sua casa em São Paulo.

Shaka Senghor abriu o encontro com uma fala comovente sobre como foi parar na prisão, e como, lá, conheceu alguns dos principais mentores da sua vida. O escritor contou que na sua casa – como na de muitos conhecidos seus na comunidade em que vivia, numa região de classe média em Detroit – havia muito abuso físico e espancamento por parte de sua mãe. Por conta disso, as expectativas em relação ao seu futuro – sonhava em ser médico, ou doutor – foram se esvaindo. Na escola, sofria com a falta de compreensão dos professores e responsáveis sobre a situação que ele e seus irmãos viviam. “As expectativas com relação às crianças e jovens que vêm da minha comunidade muitas vezes não vêm carregadas de empatia da forma como jovens de outras comunidades são tratados”, enfatizou, lembrando das diferenças de tratamento entre jovens brancos e negros.

A ex-governadora da província de Buenos Aires, María Eugenia Vidal, contou em que o que mais aprendeu durante os anos de governo foi a escutar a população, especialmente quem não foi seu eleitor. Apesar de ver com pessimismo as relações políticas polarizadas na própria sociedade argentina, ela enfatizou que é nas mulheres da região que encontra perspectivas para o futuro: “As líderes sociais de toda a América Latina sempre me dão esperança. Não há bairro pobre de nossa região que não tenha uma mulher lutando”, comentou. A política está atualmente escrevendo um livro sobre o que aprendeu nos anos de gestão pública.

A socióloga Bertice Berry, por sua vez, deu um depoimento emocionante sobre como se encontrou na costura e na produção de peças para si, após anos de estudos e imersão numa vida acadêmica para o seu P.h.D. Ela lembrou que a forma que o trabalho do Instituto Humanitas360 está conectado com essa perspectiva do empreendedorismo a partir da produção de peças têxteis e também falou sobre a importância de se pensar uma sociedade multi-étnica como um elemento positivo. “Estudei a ideia de colorismo na minha dissertação e percebi que esse discurso está, na verdade, marcado por perspectivas racializadas que vêm de fora da comunidade negra. É muito importante entender as dinâmicas dentro dos grupos para perceber a relação deles com outras comunidades”, enfatizou.

Na segunda sessão do encontro, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso agradeceu pela reunião de amigos e parabenizou o trabalho do Instituto Humanitas360: “O que posso fazer é me colocar à disposição para fazer com que a missão de vocês cresça”, disse. Conselheiros ouviram mais sobre os trabalhos realizados pelo H360 durante o ano e deram insights e perspectivas de como expandir os trabalhos do instituto. Como enfatizou Alan Fleischmann no clima de celebração, encontro e aprendizado da reunião: “Jamais imaginaria que um evento pelo zoom traria toda a paixão e emoção que imaginamos para o evento ao vivo”.