H360 e Fundação FHC lançam série de webinars para discutir violência e legalização das drogas

H360 e Fundação FHC lançam série de webinars para discutir violência e legalização das drogas

O primeiro encontro aconteceu no dia 9 de setembro com o tema “Racismo e Segurança Pública”, e contou com a participação do Hélio Santos, o advogado Elizeu Lopes, o historiador Dudu Ribeiro e a socióloga Samira Bueno.

 

O Instituto Humanitas360 e a Fundação Fernando Henrique Cardoso realizaram no último dia 9 de setembro o webinar “Racismo e Segurança Pública“, o primeiro de quatro encontros que tratarão de temas como a política de guerra às drogas, legalização da cannabis medicinal, violência e questões raciais. Neste primeiro debate, participaram o professor Hélio Santos, o ouvidor da Polícia Militar de São Paulo Elizeu Lopes, o historiador Dudu Ribeiro e a socióloga Samira Bueno.

O debate iniciou com uma rodada contextualizando a relação entre o racismo e a segurança pública. O co-fundador e coordenador da organização Iniciativa Negra, Dudu Ribeiro, lembrou do processo da escravidão e nas marcas profundas que foram deixadas na sociedade brasileira. “As ideias de crime, castigo e punição estão relacionadas ao processo de escravidão no Brasil. A pessoa escravizada não era considerada como um ser humano, a menos para ser criminalizado”, disse.

“A política de drogas explica boa parte dessa mazela, mas a história mostra que somos uma nação violenta”, afirmou a cientista social e diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Samira Bueno. O último Atlas da Violência, divulgado em agosto de 2020, apontou que 75,5% das vítimas de homicídio eram negras.

Elizeu Lopes, advogado e ouvidor da Polícia Militar do Estado de São Paulo, confirmou que há racismo dentro da polícia. “É evidente que existe racismo na polícia, assim como existe em outros campos da sociedade. Nós também não víamos, há 50 anos, os negros retratados como artistas, cientistas, pensadores”. Casos recentes de atuação da PM de São Paulo mostram ações violentas dos policiais militares, tendo como alvo principal a população negra, como no caso em que um PM foi filmado pisando no pescoço de uma mulher negra de 51 anos para imobilizá-la.

Hélio Santos, que é ativista da temática sociorracial, autor de “A busca de um caminho para o Brasil” e conselheiro do Humanitas360, apontou para a necessidade de se construir políticas públicas comprometidas com a extinção do racismo estrutural. Segundo ele, “O policial se politizou, a bancada da bala pede mais armamento, nós focamos nos efeitos. É como enxugar gelo. O racismo estrutural requer política pública”.

A discussão trouxe apontamentos importantes para entender as relações entre a violência, o racismo e a segurança pública e está disponível na íntegra como podcast no perfil da Fundação FHC no Spotify. O próximo webinar será no dia 20 de outubro e tratará do ativismo cidadão no acesso à cannabis medicinal. Compõem a mesa o Deputado Luciano Ducci, relator do projeto que quer regulamentar o plantio da cannabis para fins medicinais e industriais na Câmara de deputados; Cidinha Carvalho, presidente da CULTIVE – Associação de Cannabis e Saúde; o doutor Pedro Pierro, neurocirurgião e um dos principais estudiosos sobre o tratamento com cannabis para fins medicinais e Emílio Figueiredo, advogado que atua desde 2004 com direito e cannabis no Brasil. A mediação da conversa será feita pela jornalista Valéria França, dona do blog Cannabis Inc, da Folha de S. Paulo.