Quarta edição do Cannabis Thinking foca relação da planta com racismo e encarceramento em massa

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Nos dias 16 e 17 de setembro a 4ª edição do Cannabis Thinking (CT 2022), evento organizado pelo The Green Hub e realizado no CIVI-CO – espaço de inovação social que abriga o Instituto Humanitas360 e outras empresas de impacto –, reuniu convidados e especialistas do mercado canábico. Estiveram na pauta temas como uma nova visão sobre a política de drogas no Brasil, saúde integrativa, legalização da cannabis como reparação histórica, acesso aos benefícios e qualidade do cultivo.

O encontro teve presenças do juiz do Superior Tribunal de Justiça Rogério Schietti, um dos autores do salvo-conduto para cultivo de cannabis para fins medicinais no STJ; do rapper Marcelo D2, ativista de muitos anos pela legalização da cannabis; do reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, José Vicente; de Sandra Freitas, diretoria do Instituto Centro de Excelência Canabinoide (CEC); de Patrícia Villela Marino, co-fundadora do CIVI-CO e presidente do Instituto Humanitas360, entre muitos outros.

A conexão entre a pauta da descriminalização da cannabis e a Lei de Drogas foi um tema que atravessou os debates. Os convidados destacaram que a política de “guerra às drogas” afeta principalmente a população negra, que é maioria entre os encarcerados e entre os mortos pelo Estado em supostas operações policiais. O juiz Schietti lembrou de diversos casos em que precisou julgar mulheres que estavam sendo processadas por possuírem quantidades pequenas de maconha, por vezes para fazer favores a seus companheiros – e os prejuízos que essas prisões causam para essas famílias já desestruturadas.

O rapper Marcelo D2 comemorou o fato de quase 30 anos após suas primeiras músicas, poder estar numa mesa com ativistas e juízes para falar de descriminalização. Lúcia Cabral, da ONG Educap, contou de sua trajetória como ativista por direitos na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, reforçando a importância de pensar a legalização da cannabis não apenas como benefício recreativo ou medicinal, mas também como uma nova forma de se pensar a periferia e superar a falácia da “guerra às drogas”.

Em seu discurso, a presidente do Instituto Humanitas360 lembrou da importância da pauta da cannabis na decisão eleitoral do país neste mês de outubro e resgatou momentos importantes da história da saúde pública brasileira, em que o Estado foi central para a adoção de medidas progressistas como o combate ao vírus HIV e o barateamento de medicamentos através da Lei dos Genéricos.

Veja abaixo um vídeo com depoimentos sobre o Cannabis Thinking 2022: